segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Mistica Cuba (2005)
Tenho-me na conta de alguém que é, mais do que contra, totalmente avesso a regimes não democráticos, nos quais a população não tenha direito a expressar-se livremente e a escolher que rumo dar à sua vida, mas também eu já me flagrei, mais do que uma vez, a dizer que tinha de ir a Cuba antes de Fidel Castro morrer porque depois nada será igual... Uma contradição que não é só minha, e que talvez o carisma ou o inegável estoicismo do líder cubano sejam insuficientes para explicar, mas não deixa de ser algo que me incomoda, pois, por mais que a figura do “barbudo” seja hoje suavizada e até vista com uma certa galhardia por vários regimes democráticos do mundo inteiro (Portugal incluído), a verdade é que não há como negar que Fidel cometeu e continua a cometer (como o provam as ainda recentes execuções sumárias de intelectuais que se opunham ao regime, e de quem Fidel aproveitou para se livrar quando as atenções estavam viradas para o Iraque) autênticas barbaridades e atropelos aos mais elementares direitos humanos (de que nos dão conta filmes como Antes que Anoiteça, com um espantoso Javier Bardem no papel do escritor cubano Reinaldo Arenas, obrigado a exilar-se por ser homossexual assumido).










Só que… há sempre o outro lado da história, ou seja, a posição dos EUA, que mantêm até hoje um embargo desumano e que, por muitos e bons anos, fizeram de Cuba, através de dirigentes-fantoches como Batista, uma espécie de recreio balnear onde, atrás do aparente glamour, proliferavam os negócios mafiosos e a degradação das condições de vida de todos aqueles que não pertenciam à elite cubana...Enfim, seja como for, todas estas preocupações políticas tornam-se menores (não que desapareçam, pois em
muitos momentos da viagem somos confrontados com as necessidades mais básicas de uma população que, grosso modo, continua a não poder frequentar, a menos que trabalhe ali, a grande maioria dos estabelecimentos e estâncias turísticos) assim que damos de caras com um arquipélago muito bonito, embora os seus encantos estejam longe de se esgotar em locais como o Varadero (que continua a ser, inegavelmente, uma praia belíssima, com areia branca e mar turquesa, mas a que falta alma ou outras atracções para além disso), e, sobretudo, com um povo que é, sem dúvida, o seu grande trunfo, pela forma como continua a sorrir apesar de todos os reveses e de todas as limitações.

Da louca viajem a cuba, havana ficou-me definitivamente na mente como a cidade mais entusiasmante em que estive. Parecendo uma viagem aos anos 50. os carros as pessoas, os restaurantes, a musica. A cima de tudo a musica é contagiante, qualquer local é perfeito para um cha cha cha, uma rumba, delicioso.Caminhando sem pressa pela avenida beira-mar e pelas ruelas de habana vieja confere-se a riqueza arqitectónica que levou a Unesco a declarar Malecon, o bairro antigo, um património da humanidade. Cada esquina é uma lufada de história e misticismo, em qualquer rua poderá aparecer uma fortaleza, um palácio, uma igreija e nas paredes da cidade não faltam fotos e autógrafos de Fidel Castro.

As noites quentes em havana levam à vontade de passear pelas ruas, em dançar ao som da música e naturalmente experimentar as mais doces bebidas típicas do pais.
O bodeguita del médio, provavelmente o bar mais conhecido do mundo é a melhor forma de começar a noite, um lugar pequeno, recondido estranho de tão contagiante que é. Passamos horas sentados ao balcão bebendo mojitos, não fiquei muito fã e daiquiris, uma bebida de génio. Considero que foram as horas mais divertidas de toda a viagem. As pessoas são ousadas, sem serem abusadoras, sedutoras, malandras de riso fácil e viciante. O barman foi a pessoa mais louca que conhecemos, bom vivant cheio de histórias para contar, ficou uma ponta de inveja daquela louca vida. E tivemos o privilégio de entrar dentro do balcão e sentir que quase éramos cubanos e fazer histórias a assinar naquelas paredes que transpiram história. Depois existem múltiplas hipóteses para continuar a noite, mas os bares de musica ao vivo são melhor escolha.









Varadero, considero uma desilusão, se calhar não fomos numa boa altura (Novembro), ou se foi o hotel que era muito mau, mas espreva mais.
O mar era azul, a areia é branca, mas não existe mais nada além de uma avenida repleta de hotéis, todos melhores que o nosso. Valeram os golfinhos na excursão para cayo blanco. Nadar com estes animais foi mais uma concretização de um objectivo de vida, e uma pessoa não fica desiludida, afáveis, de pele macia e comunicativos.
Cayo blanco é mais uma praia de revista em pleno mar das caraíbas, com uma areia tão branca que não queima, mas repleto de turistas. Mas aquele caldo é melhor que muitos spas da tailândia.
Apesar da Varadero não ter superado as expectativas, Cuba é mundo de ofertas, que poderá ser um pais muito mais desenvolvido, mas quando isso acontecer vai perder toda a mística.









Ir a Cuba é uma experiência imperdível, seja pelo povo, pelo patrimóio natural e histórico, ou pela possibilidade de conhecer uma experiência política completamente diferente da nossa.

2 comentários:

Unknown disse...

Hasta la vitoria siempre!
Coamandante Che Guevara... parece que ainda oiço aquela música...
Beijinhos

fairybondage disse...

linda!!! de cada vez que te leio me pergunto onde andaste escondida senhora escritora!!!
sabes que muitas vezes juntei a minha voz à tua naquele apelo dúbio!!! e agora estamos mm prestes a ter Cuba sem Fidel!!! e eu não fui!!! mas fica a esperança!!!lol

MIl beijinhos