terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O grande Caetano Veloso

...só falta te querer
te ganhar e te perder.
Falta eu acordar
ser gente grande para
poder chorar.

Me dá um beijo, então
aperta a minha mão
tolice é viver a vida, assim
sem aventura.
Deixa ser pelo coração
Se é loucura, então
Melhor não ter razão!...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Mistica Cuba (2005)
Tenho-me na conta de alguém que é, mais do que contra, totalmente avesso a regimes não democráticos, nos quais a população não tenha direito a expressar-se livremente e a escolher que rumo dar à sua vida, mas também eu já me flagrei, mais do que uma vez, a dizer que tinha de ir a Cuba antes de Fidel Castro morrer porque depois nada será igual... Uma contradição que não é só minha, e que talvez o carisma ou o inegável estoicismo do líder cubano sejam insuficientes para explicar, mas não deixa de ser algo que me incomoda, pois, por mais que a figura do “barbudo” seja hoje suavizada e até vista com uma certa galhardia por vários regimes democráticos do mundo inteiro (Portugal incluído), a verdade é que não há como negar que Fidel cometeu e continua a cometer (como o provam as ainda recentes execuções sumárias de intelectuais que se opunham ao regime, e de quem Fidel aproveitou para se livrar quando as atenções estavam viradas para o Iraque) autênticas barbaridades e atropelos aos mais elementares direitos humanos (de que nos dão conta filmes como Antes que Anoiteça, com um espantoso Javier Bardem no papel do escritor cubano Reinaldo Arenas, obrigado a exilar-se por ser homossexual assumido).










Só que… há sempre o outro lado da história, ou seja, a posição dos EUA, que mantêm até hoje um embargo desumano e que, por muitos e bons anos, fizeram de Cuba, através de dirigentes-fantoches como Batista, uma espécie de recreio balnear onde, atrás do aparente glamour, proliferavam os negócios mafiosos e a degradação das condições de vida de todos aqueles que não pertenciam à elite cubana...Enfim, seja como for, todas estas preocupações políticas tornam-se menores (não que desapareçam, pois em
muitos momentos da viagem somos confrontados com as necessidades mais básicas de uma população que, grosso modo, continua a não poder frequentar, a menos que trabalhe ali, a grande maioria dos estabelecimentos e estâncias turísticos) assim que damos de caras com um arquipélago muito bonito, embora os seus encantos estejam longe de se esgotar em locais como o Varadero (que continua a ser, inegavelmente, uma praia belíssima, com areia branca e mar turquesa, mas a que falta alma ou outras atracções para além disso), e, sobretudo, com um povo que é, sem dúvida, o seu grande trunfo, pela forma como continua a sorrir apesar de todos os reveses e de todas as limitações.

Da louca viajem a cuba, havana ficou-me definitivamente na mente como a cidade mais entusiasmante em que estive. Parecendo uma viagem aos anos 50. os carros as pessoas, os restaurantes, a musica. A cima de tudo a musica é contagiante, qualquer local é perfeito para um cha cha cha, uma rumba, delicioso.Caminhando sem pressa pela avenida beira-mar e pelas ruelas de habana vieja confere-se a riqueza arqitectónica que levou a Unesco a declarar Malecon, o bairro antigo, um património da humanidade. Cada esquina é uma lufada de história e misticismo, em qualquer rua poderá aparecer uma fortaleza, um palácio, uma igreija e nas paredes da cidade não faltam fotos e autógrafos de Fidel Castro.

As noites quentes em havana levam à vontade de passear pelas ruas, em dançar ao som da música e naturalmente experimentar as mais doces bebidas típicas do pais.
O bodeguita del médio, provavelmente o bar mais conhecido do mundo é a melhor forma de começar a noite, um lugar pequeno, recondido estranho de tão contagiante que é. Passamos horas sentados ao balcão bebendo mojitos, não fiquei muito fã e daiquiris, uma bebida de génio. Considero que foram as horas mais divertidas de toda a viagem. As pessoas são ousadas, sem serem abusadoras, sedutoras, malandras de riso fácil e viciante. O barman foi a pessoa mais louca que conhecemos, bom vivant cheio de histórias para contar, ficou uma ponta de inveja daquela louca vida. E tivemos o privilégio de entrar dentro do balcão e sentir que quase éramos cubanos e fazer histórias a assinar naquelas paredes que transpiram história. Depois existem múltiplas hipóteses para continuar a noite, mas os bares de musica ao vivo são melhor escolha.









Varadero, considero uma desilusão, se calhar não fomos numa boa altura (Novembro), ou se foi o hotel que era muito mau, mas espreva mais.
O mar era azul, a areia é branca, mas não existe mais nada além de uma avenida repleta de hotéis, todos melhores que o nosso. Valeram os golfinhos na excursão para cayo blanco. Nadar com estes animais foi mais uma concretização de um objectivo de vida, e uma pessoa não fica desiludida, afáveis, de pele macia e comunicativos.
Cayo blanco é mais uma praia de revista em pleno mar das caraíbas, com uma areia tão branca que não queima, mas repleto de turistas. Mas aquele caldo é melhor que muitos spas da tailândia.
Apesar da Varadero não ter superado as expectativas, Cuba é mundo de ofertas, que poderá ser um pais muito mais desenvolvido, mas quando isso acontecer vai perder toda a mística.









Ir a Cuba é uma experiência imperdível, seja pelo povo, pelo patrimóio natural e histórico, ou pela possibilidade de conhecer uma experiência política completamente diferente da nossa.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Para ti, Tio estejas ondes estiveres:

Hora di bai (hora do adeus)
Rompia a manhã...
...foi morrendo lentamente, numa agonia de arco-íris...
O sorriso da tua vida desmaiou e fez-se a estrela que sempre foi, que iluminou a tua vida e agora virou saudade, dos dias de felicidade, nobreza, fidelidade e espanto de uma melodia inacabada.
Partiste, numa madrugada aflita, sem dizeres adeus.
No coração guardavas a grandeza de Bach, a emoção exaltada de Beethoven, a serenidade de embalar de Shubert.
Todas as melodias nobres do teu coração de irmão, nos trabalhos, melodias música e soluços a desafiar o tempo no fim de cada missão.
E aqui fico eu numa sonolência infantil com memórias trocadas, musicas sem pauta a resgatar as boas festas que nunca te mandarei.
Nô chova (a gente fala-se)
Para o Frei Padre José Afonso Lopes, simplesmente meu tio.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008











São Tomé o paraiso na terra. Local onde vi as paisagens mais belas e as pessoas mais fascinantes, nestes meus 27 anos de existência.

Vim daquela terra com a lágrima no olho e com uma certeza voltar.
O mar, areia, as estradas, a comida, as pessoas, aqueles olhares...

Agora tentando-me lembrar daquela semana parece um filme, lembro-me de cada dia, cada hora.
Este pequeno texto, escrevi-o dois após a vinda de São Tomé, uma tentativa de descrever por palavras o que os olhos e o paladar sentiram.
"E São Tomé ficarará para sempre na nossa memória…

Esta é uma terra de gente que espera, seja por melhores dias, e alguns suspiram mesmo por dias que passaram onde tinhas estradas, escolas, hospitais e em que sabiam pelo menos o seu papel numa sociedade que não era igualitária, mas que passou que também não o deixou de ser, antes pela cor da pele, agora por quem sabe gerir os seus interesses e que se aproveita de todas as fontes externas de dinheiro sem o canalizar para o que é preciso. Há aqui pessoas que não têm energia eléctrica à mais de 30 anos. Fome não existe pois basta estender a mão e fruta, peixe caem sem esforço no prato. Ao menos isso. Numa Africa tão afectada pela fome, pelo menos aqui esse não é o problema, mas… Leve leve..

No dia 15 de Março de 2006 tivemos um almoço na Roça de D. João dos Angolares, para podermos ter a oportunidade de privar e provar a cozinha de São Tomé pelas mãos de João Carlos Silva. Foi no mínimo extraordinário, gustativamente e intelectualmente fantástico, estas três horas que levou o almoço e a conversa com o João levou-nos noutra viagem, pelos sabores e pelas palavra. Lusófono convicto partilha connosco as suas ideias de futuro, do passado fala-se com saudade da prosperidade mas não do domínio português. Pessoa de palavras fugazes ao inicio e de a custo se vão libertando quem sabe de um receio de libertar a espectacularidade da sua personalidade, deixa os seus pratos servidos por ele próprio falarem por si. Divino. No final, sentou-se à mesa connosco e falamos, de tudo um pouco, mas mais do futuro de São Tomé, o desejado e o esperado. A calma e passividade neste país não durarão muito, com o dinheiro brutal da exploração de petróleo a partir de 2007 trarão certamente mudanças, quais não se sabe, esperemos que sejam feitas em paz. Ficamos ansiosos por novos projectos seus, podendo contar connosco, são mais 3 pares de mãos prontos para a labuta.

Independentemente do seu futuro, São Tomé ficará para sempre na nossa memória como uma terra de abundância de tudo, generosidade, acolhimento e tudo o mais que podem e devem fazer deste país um paraíso para as pessoas que nele vivem e não somente para quem o visita.
Levamos daqui muito mais do que trouxemos, por isso mesmo, obrigado São Tomé, obrigado.
Sentimos uma necessidade enorme de exprimir 1 pouco tudo o que sentimos nessa terra em esecial, por si. Sentimo-nos em casa e uma vontade de trabalhar de dar mais de nós a uma terra e gente que merece, e que merece uma oportunidade. "
Isto é apenas uma amostra de uma terra de oportunidades, mas claro que a viagem foi especial por poder partilha-la bcom duas amigas unicas na vida Carla e Carolina, espero poder partilhar mais voos com vocês..

O meu estranho mundo!


Rio-me. Choro. Fico um pouco histérica. Acalmo-me.

Esqueço-me de tudo o que alguma vez aconteceu. Penso em tudo aquilo que já me aconteceu, vezes sem conta.

Observo-me ao espelho. Aprecio-me ao espelho. Apetece-me partir o espelho.

Dispo a minha roupa e atiro-a para o chão. Ponho tudo de pernas para o ar. Deixo tudo onde está para que outra pessoa arrume. Apercebo-me de que sou sempre eu que arrumo tudo.

Canto muito bem. Canto mal.

Como coisas que não devia comer. Dobro-me e observo os meus musculos, que musculos?

Gostaria de saber como é que ficaria se fosse loura. Gostaria de saber como é que ficaria se fosse ruiva. Gostaria de saber como é que ficaria se fosse velha.

Pinto-me como nunca o faria se fosse para a rua. Experimento roupas que nunca vestiria em público.

Tenho fantasias em que a estrela sou eu.

Estico a pele da minha cara e imagino-me sem rugas.

Perdoo-me.

Ensaio aquilo que irei dizer amanhã.

Aumento o volume do rádio para não ouvir nada. Abro a torneira da água para não ouvir o rádio. Perco-me. Imagino-me numa ilha deserta.

Rezo.

Procuro os meus defeitos. Aceito os meus defeitos e procuro outros.

Faço caretas ao espelho. Vejo como é que fico com ar de sedutora, de amuada, de zangada, de supreendida, de chocada, de impressionada, absorta.

Olho para mim.

Olho para mim e gosto do que vejo.